16.6.06

Hermanos

Do blog do Josias, "morrendo de inveja".

Nada mais conveniente do que os sonhos. No curto intervalo de uma noite, pobre fica rico, cego volta a enxergar, feio transa com beldades, gordos emagrecem, etc. O brasileiro, desde o início da Copa, vem contando carneirinhos. São 22 –onze titulares e onze reservas. Todos magros, lépidos e saudáveis.

Súbito, acorda-se pela manhã sob o impacto de um pesadelo: a Argentina produziu uma vistosa
goleada. Seis a zero. Fora o baile. Vai-se à internet e descobre-se que o PIB da Argentina cresceu 8,6% no primeiro trimestre do ano. No Brasil, só 3,4%. Dá uma inveja! E uma vontade de voltar a dormir!

2 comentários:

Val-André Mutran  disse...

A impassividade da classe média brasileira em muito contribui para essa esculhambação que vivemos hoje em dia.
A impressão que fica é que todos acham que após décadas de hiperinflação, sob o julgo da maior carga tributária e juros do sistema financeiro do planeta; a ditadura política e imoral da pior distribuição de renda da Via Láctea, acaba ficando como tudo bem.
Não se pensa o Brasil como deveria-se, caro Juvêncio, e a saída é a Educação, muita grana nela. O resto, bem! O resto haja especialista nisto e naquilo para continuar enganando a manada.

Anônimo disse...

Futebol é alegria do povo, e foi garantida nesta manhã pelos portenhos e pela seleção da Sérvia-Montenegro. A rigor não podemos deixar de pensar que o baixo desempenho desses países, antes integrados ao extinto bloco da Cortina de Ferro, representa de modo tardio os reveses históricos pelos quais passaram, significados na passagem para a economia de mercado, na falência de suas instituições e nos sangrentos conflitos militares que explodiram nos Balcães após a desarticulação das antigas forças políticas que os continham.
Visto dessa forma, o desempenho da insípida seleção "dream team" de Parreira é um insulto à tradição brasileira em futebol, considerando que somos pentacampeões mundiais e um dos poucos países que sempre esteve presente na Copa do Mundo desde o seu início. Noutra ponta do argumento temos que nunca tivemos conflitos que destruíssem nossas lideranças esportivas, de um modo geral quase mitos e sempre muito bem protegidos.
Quem sabe a construção gigante do País, conduzida no Império e consolidada na República, nos tenha aprisionado à noção de um destino manifesto,que nos atraiçoa com a prática de um otimismo despreocupado mesmo quando a frente de questões mais sérias.
É assim com o futebol, e também com o crescimento do PIB, aqui associados em comparação. Contudo, há que ter cuidado com as livres associações sobre o desempenho do PIB brasileiro. Em comparações com outros países, convém observar o tamanho das economias dos países a serem considerados, de modo a comparar semelhantes e evitar dessemelhanças que levarão a conclusões pouco elucidativas. Em outras palavras: 3,5% da 8a. economia do mundo não é brincadeira, mesmo para os portenhos que possuem uma economia muitíssimo menor e diversificada, e que se encontra em fase de reconstrução, pois não esqueçamos que a economia Argentina foi implodida há pelo menos oito anos atrás, foi a zero, sumiu.
Portanto, à semelhança da seleção de Parreira, na Economia, o Brasil deverá cautelosamente rever posições, apostar na criatividade e não se perder em falso dilemas (a saúde e o sobrepeso do Ronaldo), que no modo como adquirem preponderância, recordam aquela máxima do Velho Guerreiro de não comparecerem para explicar, mas para confundir!