29.8.07

Longa História

Do blog do Mino.

Mídia atendida

O STF está a se redimir. Pelo menos por enquanto, sem previsão do desfecho final. A mídia foi atendida: o Supremo acolheu a denúncia de formação de quadrilha contra os acusados do governo e do PT. Primeiro entre todos, o cardeal José Dirceu. Digo, o cardeal Richelieu de Luis XIII, digo, do presidente Lula. Quer dizer, a tese do mensalão está de pé. Escrevi ontem que cairia caso não fosse acolhida a denúncia. Até quando irá o processo não se sabe, mas o que já aconteceu levará os patrões da mídia a abrir garrafas de Don Perignon e Cristal. Eles podem, e, quem sabe, sirvam alguns flutes aos seus sabujos mais chegados. Será para eles uma noite muito alegre. De minha parte, tomaria, houvesse razões, champagne Salon. Tenho razões apenas para insistir em um ponto: continua muito difícil provar o mensalão, enquanto não seria, e provavelmente não será, acrescentar um capítulo à longa história conhecida como Caixa Dois, protagonizada há décadas por políticos e empresários

10 comentários:

Anônimo disse...

Não consigo, sinceramente, entender essa lógica. Que se defenda a inclusão social de milhões de brasileiros miseráveis, devido ao bolsa-família (que não é o ideal, mas é alguma coisa melhor do que muito que já se fez, e que ainda precisa evoluir), eu até concordo. Mas continuar a achar que o mensalão não existiu, que o que o PT fez nada mais foi o que sempre se fez no país - como tristemente afirmou Lula na França, com ares de falso estadista - é escabroso, cínico e vil. Joga mais cal (e lama, se isso ainda é possível) na esperança de vários eleitores históricos de Luís Inácio, como eu.
O PT precisa enfrentar de frente essa esquizofrenia que o assaltou; cortar na carne, como se diz. Alijar os envolvidos em corrupção, caixa dois, práticas políticas anti-éticas, sejam eles quem forem. Entretanto, parece que não há esperanças: Antonio Palocci já se assanha à presidência do partido, com grandes chances de vitória.
Por sua vez, a oposição, DEM e tucanos à frente, patina na inanição, na perda de identidade, na absoluta ausência de definição de suas bandeiras.
Neste quadro, o Judiciário, o MP e a PF ganham destaque e precisam fazer sua parte. Sem excessos, mas sem se desviar um milímetro de suas responsabilidades constitucionais.

Unknown disse...

Bom dia dr. Francisco.
Sobre suas considerações, veja este artigo:

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=71437

Abs

Anônimo disse...

Francisco
É o grande Mino Carta defendendo 95% do patrocínio de sua revista , nada mais que isso.
Abs
Tadeu

Anônimo disse...

Excelente o artigo, Juvêncio.
O que mais me salta aos olhos, como instrumento necessário à mudança, é a participação da classe média no debate e na 'praxis' política. Não fazemos isso; somos envolvidos demais nos nossos projetos pessoais para fazê-lo - uma característica que me parece ser atávica.
E quando participamos, é aliando-nos às mesmas estruturas corrompidas, tanto faz se da esquerda ou da direita, na intenção de participar da festa, e não de efetivamente fazer valer nossa cidadania.
O autor aponta o dedo nos motivos de nossa esperança ter-se transformado em decepção: a derrota do projeto original da esquerda brasileira, a partir do PT, para a "burocracia permanente e bem remunerada" que venceu as eleições de 2002. O combate a esta burocracia deveria ter vindo de longe, de 20 anos atrás, quando o partido começou a nutrir seus dirigentes com o poder e correlatos - luxos, mimos, boa vida. É sintomática, pelas circunstâncias e pela expressão corporal, a declaração de Lula de que "não sente a menor saudade do chão da fábrica", como aparece no documentário "Entreatos", do João Moreira Salles.
O Mefistófeles do Fausto Partido dos Trabalhadores é a perspectiva de poder por 20, 30 ou 50 anos. E ele a levou ao paroxismo, com os ensinamentos do "Príncipe" sob o braço.
Tadeu, isso dói ainda mais. Acho que sou ingênuo, pois ainda creio na rendição e na honestidade intelectual desses personagens - Mino Carta dentre eles.

Anônimo disse...

O Mino não disse que o mensalão não existiu, apenas disse que é difícil prová-lo.

No que ele está coberto de razão.

E sabe por quê: Por que o STF julga levando em considerações princípios arraigados na Constituição Federal.

Nesta fase do processo penal vige o princípio do "in dúbio pro societat", ou seja, as denúncias devem ser investigadas pois interessam a sociedade.

Mas na fase final, ou seja, na aplicação da dosimetria da pena privativa de liberdade, vigora o princípio do "in dúbio pro réu", em que as denúncias devem estar suficientemente provadas para se tirar a liberdade de quem quer que seja.

O STF não julga pelo clamor da mídia e sim pelo que consta nos autos.

Na mídia vigora o princípio de que o acusado, por ser uma pessoa pública, deve provar a sua inocência ante uma denúncia.

O STF, seguindo a Constituição, entende que o ônus da prova cabe a quem alega, ou seja, ao Ministério Público.

No caso, precisamos estar preparados para que o STF inocente vários dos acusados pelo MP por falta de provas, de acordo com o princípio do in dubio pro reu.

alessandro amaro

alessandro amaro

Anônimo disse...

Alessandro, um de nós não entendeu o que Mino Carta disse. Para clareza do debate, esclareço o que penso.
Para mim, o que importa é que ele afirma que o STF está fazendo o jogo da grande mídia, aceitando julgar políticos do PT que somente repetiram aquilo que muitos antes deles fizeram: caixa dois, compra de votos, formação de quadrilha e que tais. Por isso, faz supor, nas entrelinhas, que não se deve comemorar o fato, pois na verdade José Dirceu e companhia são vítimas única e exclusiva de uma orquestração, destinada a desestabilizar, ou quiçá derrubar, o governo Lula.
Em outros termos: deve-se reconhecer inocência, porque todos fazem ou já fizeram igual.

Anônimo disse...

Parabéns ao Francisco Rocha, mais uma vez, pela lucidez na abordagem do assunto.

Anônimo disse...

Francisco e Juva
Eu tb sou dos fãs do Mino Carta , mas as vezes suas defesas veladas do indefensável tipo a frase "acrescentar um capítulo à longa história conhecida com caixa dois , protagonizada ....." ; que é a mesma frase do Lula em Paris , tirando onda com a cara da gente ; me deixam claro que ele está se defendendo.Ele é bom demais pra isso.E mesmo a matéria que desanca o tal de "cansei" sai da crítica lúcida e construtiva para parecer uma matéria de Caras ,achei a abordagem da Paula Pacheco infeliz fazendo referencia a colar de pérolas etc uma pobreza igual ao que ela pretensamente critica.E fiquem certos que não estou no "cansei" afinal me falta grana e não tenho animal de estimação a não ser meus dois macacos um deles xará do Francisco.
E Francisco , faço minha as palavras do anonimo das 1:01pm.
Abs
Tadeu

Unknown disse...

Abs Tadeu.
Hoje tá uma correrria só...rs

Anônimo disse...

Francisco

Acho eu, que o STF não faz e não deve fazer o jogo da mídia.

Presumo ainda que o STF faça e deva fazer o jogo da Justiça.

E a Justiça verdadeira não sofre influencia da mídia, dos políticos etc.

Agora eu não tenho condições de fazer um juízo de valor apenas pelo que diz a mídia, se nunca tive acesso aos autos do processo e/ou das acusações do representante do MP.


Lembro o que fizeram neste País com o Alceni Guerra e com os donos da escola base em são paulo.

Alessandro Amaro